sexta-feira, 30 de maio de 2014

Love Share

Para mim, os mangás da Kujou Aoi são ou um acerto ou um erro. A maior parte dos mangás dela me deixa "meh". Só que tem alguns que são muito, muito interessantes. Nesse caso, Love Share é um dos mangás dela que eu considero um acerto. Se eu fosse descrever esse mangá em poucas palavras, eu diria "uma história de amor intensa e instável", mas eu sou prolixo. Então vamos lá!

Kazushi sempre foi apaixonado por Izumi, um amigo seu de vários anos. Os capítulos são, na maior parte, curtos e mostram cenas em que Kazushi e Izumi desenvolvem um relacionamento de idas e vindas. Enquanto Kazushi reafirma constantemente seu amor por Izumi, esse outro é ambivalente e acaba confundindo a cabeça de Kazushi (e a do leitor também). Essa "fluidez" e "levianidade" no jeito de Izumi agir é um pouco irritante. Não gostei desse mangá na primeira leitura por causa disso. Aí li de novo. E de novo. As ações do Izumi acabam sendo interessantes, pois, apesar de todos os mistérios que envolvem esse personagem, ele acaba sendo aceito exatamente do jeito que é por Kazushi, e isso é o que importa.

Em certo momento na história, é revelado que Izumi tem algumas questões que são traumáticas e, provavelmente, trágicas. O problema é que Kujou Aoi decidiu que os leitores (e Kazushi) não precisam saber muito mais do que isso. Então, ela jogou essa bomba na história e fugiu sem explicar nada. Izumi diz ser responsável pela morte de um artista. Mas o que isso significa? Quem sabe! Porque não foi explicado.

A dinâmica do relacionamento de Kazushi e Izumi é o ponto forte da história. O relacionamento apaixonado e ambivalente dos dois é interessante. Além disso, esse é um daqueles mangás em que não há um personagem que aja como "seme" e outro que seja o "uke". Não. Nem em termos sexuais, nem na forma de agir. Esses dois não caem nesses modelos clássicos.

  

A arte é inconsistente. Há uma melhora progressiva ao longo dos capítulos (imagino que a Kujou Aoi tenha escrito essa história com um longo período de tempo entre cada capítulo), sim, mas ela é oscilante em sua qualidade. A parte que eu mais gostei desse mangá foi o penúltimo capítulo, onde ficamos sabendo como Kazushi e Izumi se conheceram. Acho que é o momento em que a arte está mais bonita e que os personagens estão mais desenvolvidos, o que também serve para explicar as atitudes e ações que eles tomam mais de dez anos depois, durante a história principal. Nota "8"!

Foi completamente traduzido para o inglês pelo Bliss. Também foi licenciado e publicado pela Juné. Aliás, eu nunca pensei que fosse reclamar disso, mas... E essa capa, gente? Nunca vi uma capa que fosse tão nada a ver com o mangá como essa. Das cores até o jeito que os personagens estão posicionados. Nada a ver!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ningen no Ichiban Muboubi na Bubun

Só depois de um tempão que eu fui entender que as coisinhas na capa de  Ningen no Ichiban Muboubi na Bubun com esses dois personagens são formiguinhas de pelúcia... Fiquei um tempão tentando decifrar o que eram essas coisinhas. Eu sou meio lerdo às vezes! Esse foi o primeiro (e único) mangá da Shuusai Fumiko que eu li.

É uma coleção de oneshots. Como é comum ocorrer, há oneshots que são legais e outras que são fraquinhas. A que está ilustrando a capa é sobre Yamashita Rikuo, que tem fobia de formigas por causa de um trauma de infância. Quando a casa dele é infestada por formigas, ele conta com ajuda de seu vizinho, Shimabara Satoya para lidar com o problema. Ao invés de exterminar as formigas, Shimabara promete "cuidar" das formigas para Yamashita, porque ele adora insetos. Em função disso, os dois se aproximam. Não dá pra dizer que a ideia não foi original...

Na segunda, Tamaki e Yatsume são amigos da época do colégio. Yatsume é um gigolô e vem ficar na casa de Tamaki sempre que termina um relacionamento. Tamaki está achando cada vez mais difícil aceitar o comportamento de Yatsume, pois é apaixonado por ele. Nada de mais, já histórias como essa antes. Na próxima, Kobari derrama tinta no casaco super-chique de seu vizinho, Kichijou. Como ele é um estudante pobre, decide fazer tarefas domésticas para Kichijou como forma de se desculpar. Os dois acabam desenvolvendo um relacionamento sexual a partir disso. Achei os dois personagens simpáticos e interessantes, sobretudo o Kichijou, que é um comprador compulsivo de roupas. A autora podia ter desenvolvido melhor esses personagens...

Aí vem uma que eu achei que era para ser engraçada, mas acabou não sendo lá grande coisa. Niizaki acorda de manhã para descobrir que passou a noite com Yuzuhara, seu amigo. Yuzuhara explica que os dois transaram e que Niizaki estava curtindo tudo e tal. Niizaki não acredita e os dois decidem lutar para decidir essa questão. Yuzuhara diz: "se você perder, você vai ser meu prêmio!". Aí vem a história mais desenvolvida: Sumiyoshi Junya já está acostumado a tomar conta de seu amigo de infância, Kurokawa Akihiko, que não consegue nem acordar sozinho sem a ajuda de Junya. Por isso, é uma grande surpresa e preocupação quando Akihiko, sem nem avisar, vai passar umas férias sozinho no Peru. Quando ele volta, Junya fica surpreso ao ver que ele consegue se virar sozinho (e muito bem) e passa a se sentir inútil. Tem uma história extremamente parecida em outro mangá que eu comentei, mas eu gostei dessa também.

  

O grande ponto forte desse mangá é a arte, que é muito bonita. Gostei especialmente como a autora desenhou a última oneshot, cheia de detalhes e com personagens bem bonitos. Também achei tenso o jeito que ela desenhou as formigas. Dá pra entender a fobia do Yamashita! Mas, em geral, é um mangá bem básico. É bom, mas não é lá grande coisa. Não é muito original, exceto uma ou duas idéias dela que foram legais, mas pouco desenvolvidas. Vou deixar uma nota "7".

Esse mangá foi licenciado e publicado pelo falecido JManga. Por isso, é possível encontrá-lo por aí em alguns sites. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Stranger

Howdy! Permitam-me comentar aqui um mangá que eu adorei, li de novo, aí li mais uma vez, li outra... Enfim, eu realmente gostei de Stranger. Talvez seja porque eu gosto de filmes de faroeste. E talvez porque eu adoro situações tipicamente masculinas serem subvertidas pelo yaoi em histórias de amor e luxúria. Enfim, essa história de Kuku Hayate é uma das minhas favoritas dos últimos tempos!

Fran é o xerife de uma pequena cidade no oeste americano. Na jornada pelo deserto de volta para casa, o cavalo que usava acaba morrendo. Ele se vê perdido no meio de um deserto, sofrendo pelo calor escaldante dos dias e pelo frio congelante das noites, sem água e sozinho. Fran vaga por vários dias, até ficar fraco demais e já imaginar que sua morte é certa. Questiona se isso é uma punição pelo seu passado pouco antes de ficar inconsciente. Ele é salvo por um nativo americano, que diz que foi o espírito do cavalo de Fran que o chamou. Ele lhe dá água, ajuda a se manter quente nas noites frias e o guia de volta à cidade. O nome desse indígena é Toto, que deixa claro para Fran que os dois "não são amigos", apesar de o estar ajudando.

Fran fica atraído pelo seu salvador, mesmo depois de retornar a sua cidade. Passa até a sonhar com as noites que passaram juntos no deserto. Ele decide que isso é porque ele não agradeceu direito ao outro e decide ir procurá-lo. A comunicação entre Fran e Toto é difícil, pois eles não falam a mesma língua, e causa várias situações engraçados. Por exemplo, quando o Toto entendeu que "obrigado" era a garrafa de uísque. Engraçado e adorável ao mesmo tempo! Conforme os dois vão passando tempo juntos, eles vão se entendendo melhor e se aproximando mais. Eventualmente, também, os fantasmas do passado de Fran (eu sempre quis escrever isso!) voltam para perturbá-lo e temos um duelo clássico dos filmes de faroeste! 

A arte é fantástica. Combina muito bem com o cenário que a autora queria e tudo é muito bem detalhado. Adoro como ela desenhou as vestimentas e a cidade, sendo que as cenas de ação no final são maravilhosas. É incrível também como dois personagens tão musculosos e masculinos conseguem ser absolutamente adoráveis, ao mesmo tempo que são grandes badasses! A Kuku Hayate conseguiu milagres nessa história. 

  

Cenários de faroeste já foram feitos e refeitos milhões de vezes no cinema e até nos quadrinhos (Tex, alguém?), mas foi a primeira vez que eu vi um mangá sobre o assunto! E um mangá yaoi ainda por cima. Achei fascinante e original. Acho que a Kuku Hayate fez um bom trabalho, tanto em retratar esse cenário como em criar personagens interessantes e desenvolver um belo relacionamento entre eles. Vou atribuir nota "9" a esse mangá e recomendo fortemente a leitura. A atenção aos detalhes é incrível. Desde o resumo na capa escrito em inglês, até o design do sumário.

A tradução em inglês é do Echochi e em português é do BL Scanlations.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Haikyuu!!

Eu estou há um tempo para ler Haikyuu!! e, apesar de estar assistindo ao anime e gostando, o que me fez criar motivação foi os doujinshis da Junko. O autor da história se chama Furudate Haruichi e parece ser um autor bem novo e desconhecido.

O protagonista da história é Hinata Shouyou. Ele assiste a uma partida de vôlei, na qual um jogador baixinho, conhecido por "O Pequeno Gigante", arrasava os adversários, por sua agilidade e capacidade de pular incrivelmente alto, e fica muito interessado pelo esporte. Infelizmente, ele não encontra  muitos colegas no ginasial que estejam igualmente interessados e acaba sendo, por muito tempo, o único membro do clube de vôlei. Ainda assim, ele consegue, com um time improvisado, se inscrever para um torneio e tem o azar de enfrentar logo de cara a escola mais forte, com o jogador mais forte (e mais arrogante), Kageyama Tobio. Ainda que Hinata perca, ele deixa uma impressão forte no adversário e segue determinado a chegar ao topo, para derrotar Kageyama.

No ensino médio, entrando na escola Karasuno, ele dá de cara com Kageyama, que também está lá. Ele acabou não conseguindo uma recomendação para entrar numa escola boa com um time de vôlei forte e acabou ficando nessa escola, que já foi muito forte no passado e acabou perdendo espaço para outras. Lá, os dois são obrigados a trabalharem juntos e formam uma dupla improvável, mas muito forte. Os outros colegas e os rivais também não ficam atrás, sendo que Haikyuu!! é mais um daqueles shounen de esporte envolventes, cheio de cenas dramáticas, com partidas incríveis e jogadas impossíveis. 

Só um desabafo: eu não queria gostar de Haikyuu!!, porque eu li um outro mangá sobre vôlei há alguns anos que eu gostei muito e Haikyuu!! tem uma premissa básica muito parecida com esse outro mangá. Vou ver se comento aqui uma hora desses esse outro, mas acho que o que fez Haikyuu!! ter mais sucesso, apesar de apresentar um cenário similar, é o elenco de personagens. Eles são o ponto forte desse mangá, como em geral acontece com shounen de esportes. O Hinata, por si só, já é um personagem legal, apesar de ser o típico protagonista esforçado, mas atrapalhado, dos shounen. Mesmo os rivais e personagens mais secundários são legais. Se eu for escolher favoritos, eu diria que o Nishinoya e o Kenma foram os que mais me interessaram. O Tanaka me faz rir horrores também, especialmente quando ele tem alguma cena com o Nishinoya ou com o Yamamoto. 

  

Acho que qualquer um que aprecie um bom shounen de esporte (como Kuroko no Basuke ou Tennis no Ouji-sama) vai se interessar também por Haikyuu!!. A arte é bonitinha na maior parte do tempo, sem ser lá tão especial assim, mas as partidas de vôlei são super-bem desenhadas e dinâmicas. Minha birra com esse mangá me impede de dar uma nota mais alta que "8" para ele. Mas é um ótimo mangá! 

Eu estou lendo em inglês, com tradução do U-Prod Scanlations para os capítulos iniciais e do scanlator Casanova para os mais recentes. O anime também está bem legal e eu recomendo!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Renai Sousa

Esse é outro desses mangás que eu vi outra pessoa resenhando comentando (na comunidade Anti-Girly Uke Yaoi), me interessei e fui ler. No caso, a resenha era super-ultra-mega detalhada e exaltava muito as qualidades de Renai Sousa. O que posso dizer...? Às vezes, ter expectativas altas demais pode ser um problema. Eu gostei desse trabalho de Hasukawa Ai, mas achei que fosse gostar mais.

Yamashiro Kei é um designer de interiores que trabalha com escritórios e restaurantes de alto padrão. Ele é contratado, então, para redecorar um dos vários restaurantes de Okumura Takashi. Apesar de Okumura ter se interessado instantaneamente por Yamashiro, esse sentimento não é recíproco. Na verdade, Okumura é o tipo de gente que Yamashiro mais odeia: arrogante e insistente. Justo por isso, Yamashiro não quer ceder a ele, por considerar isso uma fraqueza e decide inverter a situação, ou seja, fazer Okumura se apaixonar por ele primeiro. 

Ambos os personagens são determinados, inteligentes e muuuito teimosos, por isso a relação deles é um constante embate. Eu admito que achei muito legal ver momentos em que o Okumura tenta flertar com o Yamashiro, que dá uma resposta que deixa o outro completamente sem jeito. Isso deixa claro o porquê desse mangá ter sido tão louvado na comunidade AGUY: Yamashiro não é o uke típico que se encontra por aí. O mangá não chega a ser uma "batalha de semes" (como Docchi mo Docchi, 50x50, Mazu wa Ubaiai ou até mesmo Harenchi no Susume), mas apresenta um uke forte e assertivo, o que sempre é um ponto positivo para mim. Mesmo quando é beijado de surpresa, ele não perde o jeito: "achei que você beijasse melhor do que isso, Okumura". Muito bom!

Eu achei que a história poderia ter acabado no primeiro volume, mas a autora resolveu continuar. Ela apresenta o bartender Sasatani Nagi, que vem para disputar as atenções de Yamashiro com Okumura. Não que ele tivesse uma chance, mas ele consegue perturbar os dois bastante. Esse volume foi cansativo, arrastado e clichê. Não acrescentou nada para os dois, na minha opinião. Eventualmente, Sasatani desiste e resolve se dedicar a infernizar a vida de Ichinose Kei, um novo cliente do bar que é xará de Yamashiro, mas tem uma personalidade bem diferente da dele. Em suma, esse segundo volume foi desnecessário. 

  

Um ponto positivo desse mangá é o crescimento pessoal do Yamashiro e o desenvolvimento do relacionamento dele com o Okumura. A ideia de disputa pelo controle/poder no relacionamento é interessante e a autora a trabalhou bem. A arte é bonita e agradável, mas não é das minhas favoritas, digamos assim. Como eu mencionei, teria gostado bem mais do mangá se o segundo volume não existisse ou tivesse sido escrito de uma forma bem diferente. Nota "8", portanto. Muito bom, mas não é excelente. 

A Juné licenciou e publicou os dois primeiros volumes, sob o título Love Control. Há scans deles na internet, super-fácil de achar por aí. Diz a lenda que essa série ainda está em publicação, mas eu nunca vi imagens ou comentários sobre esse misterioso terceiro volume. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Kanojo ni Naru Hi Another

Como eu comentei no post sobre a série original, Kanojo ni Naru Hi Another é uma sequel que se passa anos depois da primeira história, com um novo elenco de personagens. Apesar de eu ter gostado muito da primeira, acho que Ogura Akane está fazendo um ótimo trabalho - talvez até melhor - nessa segunda história.

De novo: no universo dessa história, a população de homens e mulheres precisa estar sempre em equilíbrio e, para isso, se o número de mulheres diminuir, alguns homens passam por um processo chamado "emergence" e se transformam em mulheres. Esse processo é mais comum em crianças, mas pode acontecer em adolescentes (como na primeira história) ou em pré-adolescente (na história em questão). Ocorrem centenas de casos todo ano, mas, mesmo assim, é algo que causa estranheza e repulsa nas pessoas. Esse mangá também se aprofunda mais em como a emergence funciona na sociedade. Vemos a Mamiya, da primeira história, agora já adulta e trabalhando para o governo, lidando com pessoas que passam pela emergence. Há pesquisas sobre o assunto e o governo oferece um auxílio financeiro para os que passam pela emergence comprarem o que precisam para se adequarem ao novo sexo. 

Assim, vamos às personagens e ao enredo. Sagara é um menino baixinho e um tanto afeminado, sendo sempre provocado por seus colegas. Ele acabou se tornando muito bom em brigas, sendo temido pelos colegas. A única que fala com ele é Kurokawa, a menina por quem ele se apaixonou. Entretanto, ele tem um rival pelos sentimentos dela: Narumi. Um dia, Sagara se sente mal e desmaia na escola, para acordar algum tempo depois no hospital e descobrir que passou pela emergence, se tornando, assim, uma menina. Ao contrário do Mamiya da primeira história, Sagara não aceita ter se tornado uma mulher e continua a viver sua vida como homem... Ou, pelo menos, tenta. 

Logo, Narumi acaba descobrindo o segredo que Sagara estava tentando esconder e, ao contrário do que se esperava, ele decide ficar quieto e ajudar a manter o segredo. Narumi, entretanto, acha que quanto antes Sagara aceitar o que aconteceu, melhor, e insiste para ele desista de viver como homem. Eu adorei uma conversa que o Narumi tem com o Sagara, na qual ele defende que os sentimentos dele e os da Kurokawa não mudaram em relação ao Sagara, pois ele continua sendo o mesmo e eles gostam dele como ele é. Sagara então toma coragem de abrir o jogo para a Kurokawa: dizer que gosta dela e revelar que passou pela emergence. Aí que vem a surpresa: Kurokawa sabia disso, porque ela também passou pela emergence há alguns anos! O que a fez gostar do Sagara foi ele parecer uma menina, pois ela, originalmente, era um menino e gostava de meninas. Essa me surpreendeu, mas eu achei um amor!

  

A arte continua um ponto forte, pois é muito clean e bonita. Gosto como cada personagem tem um rosto desenhado diferente do outro, não sendo apenas o corte de cabelo que muda. Estou curioso para ver onde essa história vai ir, apesar de eu estar apostando minhas fichas num relacionamento amoroso entre Sagara e Narumi. Apesar de eu achar bonitinho, eu gostaria de ver um relacionamento entre o Sagara e a Kurokawa. De qualquer forma, acho que vai ser interessante! Nota "8"!

Tradução do mesmo grupo em inglês, Crimson Flower.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Maigo

Eu tenho uma relação de amor e ódio com os trabalhos de Homerun Ken, porque os personagens das histórias desse duo em geral me dão nos nervos. Os trabalhos solo da Akira Norikazu são beeem melhores. Maigo é uma exceção a essa regra. Não é exatamente o mangá mais memorável que existe por aí, mas é uma leitura agradável.

Temos quatro histórias diferentes sendo contadas. Na primeira, intitulada Lost Children, somos apresentados aos amigos de infância Koyo Tomohiko e Fukube Naoto. Quando Naoto se envolve num comitê estudantil e arranja uma namorada, ele passa a não ter mais tanto tempo assim pra passar com Tomo. A história é bem bonitinha, mas também não é nada demais. Na próxima, Diamonds are Forever, Taki Chisato e Kamitori Taichi recebem uma punição de seu tutor quando não vão bem nas provas: precisam se beijar. Chisato, aos poucos, decide que gosta de beijar Taichi e começa a errar de propósito. Ele também acaba descobrindo seu tutor e primo, Atsushi, está envolvido num relacionamento com um homem mais velho ao fuçar no celular dele. Atsushi resolve punir Chisato... Abusando-o sexualmente, o que é visto por Taichi. No final desse capítulo, descobrimos as razões de Atsushi para estar agindo desse jeito, mas, na minha opinião, não justifica o modo que ele agiu com o Chisato. O que me incomodou foi o Taichi dizendo que o Chisato mereceu ter recebido a punição (i.e abuso sexual), pois ele mexeu no celular do Atsushi... Tipo, oi?! Lógica de mangá yaoi! Essa história continua por mais um capítulo. Atsushi some desse, mas Taichi e Chisato estão aprofundando seu relacionamento. 

Em Golden Star, temos o Murakami, membro de um coral no ginásio, que está sempre admirando o colega que toca piano pro coral, Takahashi. Ele imagina que a voz do Takahashi seja muito bonita cantando, mas como não existe ninguém que possa substituí-lo no piano, ele acaba nunca participando do coro. Murakami, entretanto, pretende fazer com que isso mude. Por fim, Flower Scented fala sobre um bruxo que ensina magia para crianças, Mushano Kouji, mas que aceita um aprendiz de 36 anos, Sakurada Tsukihito. Sakurada não é muito talentoso, mas acaba ajudando bastante Kouji ao fazer as tarefas domésticas. O problema é a motivação dele para estudar magia...

A arte é bonitinha, agradável e, em alguns momentos, super-detalhada. Todas as histórias são razoavelmente interessantes, mas a minha favorita foi a última. O cenário estabelecido pela autora foi muito legal e eu gostaria de ver mais sobre esse mundo mágico criado por ela. As outras todas se passam no colegial, sendo que as duas primeiras são muito parecidas, por falarem sobre amigos de infância. O único ponto que eu ativamente desgostei nesse mangá foi as atitudes do Atsushi e o modo como os outros personagens "deixaram para lá" isso.

  

Apesar de eu ter desgostado apenas desse ponto e de mais um ou dois detalhes, todas as histórias são tão básicas que não vão me fazer ter uma impressão duradoura desse mangá, por isso que estou escrevendo sobre ele. Vou esquecê-lo logo. Tirando a última história e, talvez, a penúltima, as outras já foram feitas antes. Mais de uma vez. Vou dar uma nota "7", porque esse mangá é mais bom do que ruim, ainda que não seja particularmente bom ou memorável.

A tradução em inglês foi feita pelos grupos Biblo Eros e DokiDoki

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Kyou, Koi wo Hajimemasu

Ok, esse post é mais tipo um "rant post" do que qualquer outra coisa. Céus, não entendo como diabos Kyou, Koi wo Hajimemasu é tão popular. No Japão, foi popular o suficiente para ganhar um perfume inspirado na série! Esse trabalho de Minami Kanan é o típico shoujo, com tudo que eu odeio em um interesse romântico.

A protagonista da história é a Tsubaki Hibino. Ela é uma menina inteligente e séria, mas que acabou indo estudar em uma escola não tão renomada. Apesar de gostar de fazer penteados na irmã mais nova, Tsubaki é bem desligada com a própria aparência. Ela usa seu cabelo em tranças e uma saia comprida, sendo que seus colegas passam a chamá-la de "Menina do período Showa" (i.e antiquada). Ela fica especialmente chocada por um cara de cabelos compridos e com a maior cara de playboy ter tirado uma nota melhor que ela no exame de entrada nessa escola. O cara se chama Tsubaki Kyouta e senta ao lado dela na aula. Ele pede uma lapiseira emprestada e, quando ela lhe alcança um lápis, ele resolve tirar sarro dela por ser tão antiquada. Nisso, a Hibino, sem pensar, pega uma tesoura e corta o cabelo dele, dizendo que é deprimente. Kyouta fica furioso e diz que ela tem que pagar com seu "corpo", o que Hibino entende por "ajeitar o cabelo dele". O cara conclui, então, que Hibino é interessante e que ele vai fazê-la ser "sua mulher".

Pessoas, como podem gostar desse troço? Eu sinto saudades da Maria de Akuma to Love Song e de outras protagonistas fortes que teriam discutido e colocado um idiota desses no seu lugar. A Hibino, apesar de ter enfrentado o cara por 2 segundos, logo volta a ser um capacho com a autoestima do tamanho de um grão de areia ("claro que ele não me ama, ninguém iria me amar"). Ela não é o pior da história, apesar disso. Ela se esforça, quer fazer amigos (apesar de no início não estar muito motivada pela escola nova), se interessa por outras coisas além de arranjar um namorado... Há vários aspectos divertidos na composição da Hibino como personagem. Fiquei feliz que os conflitos dela na escola se resolveram relativamente rápido, porque acho que eu teria cansado da história antes se eles tivessem se estendido muito. Eu não cheguei ao final do mangá, mas vi comentários dizendo que Hibino vai seguir seu sonho de ser cabeleireira e se esforça para isso, o que eu acho legal.

Aí vem o babaca da história, quer dizer, interesse amoroso. Cara, ele é um imbecil de marca maior. Fazia tempo que eu não sentia tanta raiva de um cara de mangá shoujo. Kyouta, além de ser um playboy idiota desde o início, agride a Hibino verbalmente, sexualmente e fisicamente (ele puxando ela pelas tranças, que horror!). Ele contribui para que ela seja excluída da turma e só a ajuda quando ela concorda em sair com ele. E quando a Hibino mostra reações esperadas de desgosto por ele, em função de tudo que ele aprontou, o que ele faz? Se desculpa, promete que vai mudar e passa a ser uma pessoa melhor? Não! Vai se agarrar com uma veterana numa sala e ainda age com um babaca quando a Hibino vê a cena. Pra completar, ao invés de se esforçar para mostrar que realmente gosta dela, ele DESISTE. Algumas resenhas dizem que a autora foi retratando-o de uma forma mais simpática aos poucos, apresentando a backstory, os conflitos internos e o mimimi todo. Parece que o tio Freud não tá tão errado assim: todo o problema do Kyouta tem origens no seu relacionamento com a mãe, pois ele a considera como uma traidora. Infelizmente, a atitude dele nos primeiros volumes é simplesmente insuportável e eu não vou pagar para ver esse crescimento pessoal dele.

O pior é que apesar do Kyouta ser um cara horrível, a Hibino cai nesse tipo de coisa! Ele diz "a Tsubaki pode não ser tão boa quanto eu, mas ela tirou segundo lugar, então acho que ela pode te ajudar". Se eu fosse ela (ou se esse mangá tivesse a Maria como protagonista), ficaria mordido pra cacete por esse BABACA ter dito que é melhor do que eu. Mas a Tsubaki...? Ela fica vermelha e pensa "oh, ele se importa comigo porque viu que eu tirei segundo lugar!". ARRRGH. Lógica de mangá shoujo. Outro ponto que me irritou foi a irmã da Hibino, a Sakura. É a típica adolescente, mas de um jeito irritante e chato. Lá pelas tantas, a Hibino descobre que uma amiga estava só a usando. Coitada da Hibino. Nada se salva na vida dela, heim? Não aguentei ler esse troço. Minha meta era ler pelo menos metade, mas chegando no quarto volume, eu desisti. Dizem que o final é bom, eu até dei uma espiada nos últimos dois capítulos e, realmente, a arte melhora, os personagens parecem ter crescido e o final foi bonitinho, mas não é suficiente para me fazer continuar lendo.

  

A arte é agradável. Típica arte de shoujo. É bonita, mas não tem nada demais. Existem alguns momentos que eram para ser cômicos, mas não os achei particularmente engraçados. Lá pelas tantas, eu estava tão de má vontade em ler esse troço que fui ler resenhas e spoilers para ver se havia algo que me motivasse a ler. Achei num fórum um tópico comentando várias das reclamações que eu escrevi lá em cima e uma menina comentou: "ai, gente, o Ryouta nem é tão ruim assim... ele nem estuprou a Hibino". COMO ASSIM. Só porque ele não é um criminoso não significa que ele não seja uma má pessoa e um completo sacana. Estou atribuindo uma nota "2" só em função da arte, porque esse mangá merece até menos que isso na minha opinião. 
Nota (para eu mesmo do futuro): JAMAIS tente ler esse mangá de novo. Você tentou duas vezes e detestou as duas. Deixa esse troço pra lá e vá ler outro shoujo melhor;

Eu geralmente não comento scanlations pelo seguinte motivo: é um trabalho amador, de fãs para fãs, feito só pelo prazer de fazer algo para os outros. Então, eu acho que não devemos ser mal agradecidos e ficar por aí criticando o trabalho que foi feito na maior das boas vontades. Com isso dito... Alguns capítulos desse mangá são difíceis de ler pela baixa qualidade das scans, uma tradução beeem fraquinha, e uma edição não muito boa. Em inglês, pelo menos. Vários grupos trabalharam nesse mangá, ao ponto que me deixa com preguiça de listar todos.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Kanojo ni Naru Hi

Vou dizer logo de cara: eu gostei de Kanojo ni Naru Hi. Eu tenho reclamações (pra variar) e pode ser que acabe sendo meio crítico demais aqui, mas gostei bastante, de um modo geral, do mangá. A arte da Ogura Akane me lembrou a de Horimiya, por causa do estilo clean e delicado, o que me fez ter interesse por ler o mangá.

Antes de entrar na história per se, vamos começar pela ambientação: nessa história, a sociedade precisa manter sempre uma relação igual de mulheres e homens. Quando o número de mulheres fica reduzido, alguns homens mudam de forma e se tornam mulheres para equilibrar novamente a sociedade. O processo é conhecido por "emergence" e, em geral, ocorre em crianças, mas, ocasionalmente, pode acontecer em adolescentes. O processo possui um alto índice de mortalidade, devido às drásticas mudanças físicas que os indivíduos sofrem. Apesar dessa troca de sexo natural ser conhecida na sociedade e razoavelmente frequente (chegando até a cem casos por ano), ela não é aceita totalmente pelas pessoas, sendo que há alguns que acham que é uma coisa "nojenta". 

Nisso, nossa história começa: Miyoshi sempre gostou de competir com seu amigo de infância, Mamiya. Os dois sempre estiveram juntos desde a pré-escola e têm uma excelente relação de rivalidade amigável, digamos assim. Um dia, Mamiya desmaia na escola e é hospitalizado. Depois de semanas, Miyoshi vai visitá-lo já em casa e descobre que Mamiya passou pela emergence e se tornou uma garota. Mamiya, aparentemente, aceita bem a situação e já está disposto em viver sua vida como mulher a partir de então, enquanto Miyoshi, que tem muita dificuldade em lidar com mulheres, sente-se incomodado pela situação. Aos poucos, entretanto, ele percebe que o processo não está sendo fácil para Mamiya e resolve seguir como sempre foi, sendo um pilar de suporte para seu amigo. O problema é que sentimentos novos começam a surgir e ele, que nunca teve sentimentos românticos por ninguém antes, começa a se sentir confuso.

Eu achei fascinante a concepção da autora, mas algo que me incomodou no início foi o quão rápido e bem o Mamiya aceitou a situação. Com o passar da história, ficamos sabendo que, na verdade, ele está insatisfeito também e que todas essas mudanças têm sido difíceis para ele, mas que agir de forma positiva e, aparentemente, impassível é apenas um traço da personalidade dele. Em seguida, a forma como os sentimentos de Miyoshi e de Mamiya passam de amizade para amor romântico em função da troca de sexo não me incomodou, pois foi um processo gradual. Os próprios personagens questionam se os sentimentos são mesmo legítimos por terem surgido a partir da mudança de sexo ou se esses sentimentos permaneceriam se Mamiya voltasse a ser homem, como pode vir a acontecer no final do mangá. Ao contrário de, por exemplo, Boku no Kanojo no XXX que eu odiei como os sentimentos mudam de amizade para amor (ou desejo sexual) instantaneamente, acredito que em Kanojo ni Naru Hi a situação foi bem construída. Por fim, acho que é interessante apontar que, apesar das mudanças físicas, o Mamiya não muda em questões psicológicas, digamos assim, ele segue agindo como sempre foi. E o relacionamento que ele tem com o Miyoshi é muito interessante. Minha maior e principal crítica foi em relação ao final da história. Então, spoilers: Mamiya pode acabar voltando a ser homem em função das complicações do emergence e, em função disso, ele recusa tratamento médico. Ok, Miyoshi dá apoio para ele e afirma que, independente do que acontecer, os sentimentos dele não mudarão, mesmo que Mamiya volte a ser um homem. Aí Mamiya entra numa espécie de "casulo" (que é a forma que o corpo se reorganiza em masculino ou feminino) e fica ali por cinco anos, para poder se retransformar em mulher. Cara, esse é um processo complicado, com altas chances de morrer! O Miyoshi já disse que vai amá-lo independente de qualquer coisa, então pra que isso?Sinto que essa cena final acabou colocando por terra as declarações de amor e aceitação dos últimos momentos do mangá. 

  

Acho que até que eu não fui tão crítico quanto eu temia que pudesse ser. Alguns apontamentos finais: essa história tem uma sequel, com personagens diferentes, se passando nesse mesmo cenário, que também é muito interessante e explica mais sobre a sociedade e sobre a emergence. Vou comentá-la eventualmente aqui. A arte é bonita e agradável, com um estilo simples, que eu gosto bastante. Como eu disse, me fez lembrar de Horimiya. A história podia acabar sendo muito parecida com outras que tem por aí (tipo Kakumei no Hi), mas o cenário desenvolvido pela autora deixou tudo muito mais interessante. Vou atribuir uma nota "8" para esse mangá.

A tradução em inglês é do Crimson Flower e eu lembro de ter visto que a tradução em português é do Dimichan Scanlations

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Akiyama-kun

Esse é um dos poucos mangás que eu tenho cópia física da edição japonesa. Li uma resenha de Akiyama-kun, achei muito interessante (e pervertido!) e pedi para  uma amiga que compra coisas do Japão com frequência encomendar esse mangá para mim. A autora Nobara Aiko é meio desconhecida para nós, fãs ocidentais, mas nas páginas extras do mangá temos ilustrações e comentários da Manako, da Kyuugou e de outras autoras sobre o trabalho dela... Então acho que ela tem um certo renome, pelo menos entre as autoras.

O começo da história de Akiyama-kun foi meio esquisito. Eu pensei: "pff, já vi isso antes e sei que não gosto", mas continuei lendo a resenha e fiquei surpreso com o desenrolar da história. E, quando peguei o mangá nas minhas mãos e foleei, fiquei mais boquiaberto ainda com as ilustrações. Bem, a premissa básica é a seguinte: Shiba Daisuke se apaixonou por seu senpai Akiyama-kun. Na verdade, eu diria que é mais que amor. É uma adoração ou idolatria. O motivo é que Akiyama o salvou de uns delinquentes uma vez. Shiba, então, decide declarar os seus sentimentos... O problema é que o timing dele foi péssimo e os amigos do Akiyama estavam junto para ver a cena. Assim, Shiba é levado por eles para a casa de Akiyama, para ser interrogado, humilhado e zoado. Nisso, um dos amigos de Akiyama, Sano Tomomi, decide que, para humilhar Shiba um pouco mais, Akiyama deveria masturbá-lo com seu pé. O que era para ser um nojo para Akiyama, acaba deixando-o excitado e atraído por Shiba. Ele diz: "agora você pode fazer o que quiser comigo" e os dois começam uma cena que traumatiza pra caramba os amigos de Akiyama. Especialmente o Tomomi, que fica impotente devido a esse choque.

Akiyama fica fascinado pela paixão que Shiba demonstrou e decide agora que os dois vão se ver frequentemente, muito para a alegria do próprio Shiba que fica mesmerizado pela idéia de poder ficar junto de seu amado Akiyama-kun. Temos um pouco mais de profundidade no personagem do Akiyama, que se mostra como sendo um cara solitário, sem muito contato com familiares e de poucos amigos, mas que encontra em toda a "esquisitice" de Shiba algo para se manter entretido... E uma companhia. Em contrapartida, Shiba simplesmente está perdidamente apaixonado por ele.

O elenco de personagens secundários do mangá é muito interessante, tanto os amigos do Akiyama, como a família do Shiba e a Chie-chan, uma colega de trabalho do Shiba. O que se destacou mais foi o Tomomi, acredito eu. Foi interessante ver o quanto ele ficou confuso e perturbado pelo que aconteceu, sendo que a história extra é terrivelmente deliciosa, de um ponto de vista pervertido. Um ponto que me incomodou um pouco, mas, pensando bem, combina com o ar da história, foi que o Akiyama nunca retribui explicitamente os sentimentos românticos de Shiba por ele. Mas eu acho que isso combina com ele, pois é nas pequenas coisas que ele demonstra o quanto Shiba é importante para ele, já que Akiyama é um cara apático, olhar para o anel no final da história ou dizer "gosto de ficar com você, é divertido" já é algo importante.

  

Uma coisa interessante sobre esse mangá: ele difere um pouco do que se entende por uke e seme. Geralmente, temos dominado e dominador. Delicado e "rude". Sentimento e racionalidade. E essas características psicológicas se refletem no comportamento sexual dos personagem e em seus papéis no relacionamento, sendo que a maior parte das autoras escreve um personagem como tendo mais atributos tipicamente femininos (e sendo o uke, o dominado da história) e outro com atributos mais tipicamente masculinos (seme, o dominador). Em Akiyama-kun, Akiyama é o uke. Ele é forte, "cool"... E é quem claramente tem o controle do relacionamento. É diferente do que geralmente se encontra por aí, o que eu acho um ponto positivo para a história. Também gosto muito, muito da arte. Nobara Aiko também é muito boa desenhando expressões faciais e, é claro, cenas de sexo, o que é um dos pontos fortes desse mangá. Vou dar uma nota "9". Recomendo aos que gostam de coisas mais diferentes... E dos que curte uma história mais pervertida.

Tradução em inglês é do Game Over Or Continue e em português é do BL Scanlations.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ten Count

Eu estava comentando com a minha chefe que algumas profissões não são bem representadas em histórias fictícias, como livros, novelas, filmes... e quadrinhos. Especificamente, a nossa profissão é uma delas. Nesse mesmo dia, eu cheguei em casa, vi que Ten Count já estava com uma quantidade boa de capítulos traduzidos e resolvi ler. Fiquei muito surpreso ao ver que tipo de história a Takarai Rihito estava preparando.

A história começa com o presidente de uma companhia se envolvendo em um acidente, que só não foi mais grave pela intervenção de um ciclista, Kurose Riku. O presidente deseja demonstrar sua gratidão, pedindo a seu secretário para insistir para que Kurose aceite. Logo de cara, Kurose pergunta se Shirotani Tadaomi é misofóbico (isto é, tem fobia de germes e contaminação) e diz que, como parece ser um caso sério, ele deveria consultar um médico. Com esse comentário de Kurose, mais o fato de Shirotani estar insatisfeito com seu jeito de ser, ele acaba buscando tratamento em uma Clínica de Psicologia Cognitiva (o que ficou meio confuso nesse mangá para mim foi o que essa clínica no fim é. É uma clínica só de Psicologia? É uma espécie de hospital?). Lá, ele encontra Kurose e fica sabendo que ele é um dos psicólogos da clínica.

Os dois vão para um restaurante conversar e Shirodani responde várias perguntas de Kurose sobre seu TOC. Até que Kurose pede que ele escreva números de 1 a 10 num caderno e liste atividades que ele não consegue fazer, sendo o número 1 a menos aversiva e a número 10 a mais. Eu achei isso fantástico, porque essa é uma técnica real. Kurose promete para Shirodani que quando ele conseguir completar a coisa número "10" ele estará curado (vou comentar mais sobre isso depois) e diz que, como foi por influência dele que o Shirodani foi buscar o tratamento, não cobrará pelas sessões, mas pede para que Shirodani seja seu amigo.

A partir daí, os dois se encontram no sábado, no mesmo restaurante, e tentam realizar as coisas da lista. Sendo o item mais fácil, começam tentando tocar a maçaneta sem luvas, depois vão à uma livraria comprar um livro... Mas, ao mesmo tempo que Shirodani dá passos para a frente, ele também acaba dando passos para trás. Isso ilustra bem o quanto é, realmente, difícil o tratamento para quem tem TOC.

  

A arte é da Takarai Rihito. Ponto. Isso significa que as ilustrações são lindas, os personagens são muito bonitos e os cenários são super-detalhados. A história é interessante e envolvente, estou curioso para saber como termina. Ela claramente pesquisou sobre TOC e sobre Psicologia Cognitiva para escrever esse trabalho, ao ponto que eu gostaria de voltar ao meu segundo ano de faculdade só para poder usar esse mangá em alguma atividade de aula. Vou dar uma nota "9", porque é muito, muito bom!

A tradução em inglês é do Paradise Love Scanlations e parece que o Canis Major Scanlations também está trabalhando na série.

Esse post continuará abaixo. Acima está a resenha padrão. Abaixo, eu vou ser bem chato e bem prolixo. Ah, e tem vários spoilers. Quem for ler, está avisado!


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Border

Outro mangá da Kodaka Kazuma (ou K2) que eu estava há um tempão para ler e nunca lembrava de ler. Border é um daqueles mangás yaois (como esses aqui) que foca mais do que em apenas no romance. Na verdade, eu diria que esse aqui é um mangá primariamente de ação, com o yaoi/romance ficando em segundo plano.

O personagem central da história é Suou Yamato, que é o chefe de uma agência de detetive que usa de qualquer meio possível e imaginável para concluir uma missão. Os outros três funcionários da agência formam além de uma equipe bem esquisita, também uma família inusitada. Temos o gênio da informática Kippei, o playboy com um passado trágico Tamaki, e o estoico Sougo. Apesar de Yamato ser o centro da história, o mangá enfoca também nos outros três, suas motivações e histórias pessoais. Acredito que nesse momento o mangá, em sua quinta edição, esteja aprofundando a história do Sougo.

Os capítulos mostram mistérios nos quais a equipe trabalha, sendo sempre por encomenda de clientes (as informações são transmitidas através de um laptop, o que me lembra muuuito As Panteras!). Há cenas muito bem desenhadas e legais de perseguição de moto, luta com facas, ataques terroristas... A arte é a típica arte da K2, mas funciona super-bem nesse cenário bem mais movimentado. O passado do Yamato num grupo de operações especiais do exército (ou algo assim) é bem interessante e eu fiquei curioso para ver mais sobre isso nos próximos volumes. 

Um alerta para os que gostam de mangás yaoi cheeeios de cenas quentes: Border tem, sim, alguns momentos românticos ou até explícitos, mas não é o foco da história. Há alguma coisa no volume 1 e, se não me engano, alguma coisa romântica no volume 3. Mas, no geral, a história é mais enfocada na ação. O problema dos mangás yaoi que resolvem abordar mais do que o romance é que eles acabam se atrapalhando em balancear as duas coisas. Não acho que isso acontece com Border, mas vi que há muita gente que discorda de mim. 

  

Eu só consegui ler os dez primeiros capítulos e foleei o terceiro volume na casa de uma colega. O mangá parece melhorar cada vez mais e a história é bastante instigante, prendendo até, talvez, um leitor que não é muito fã de yaoi. Uma coisa que eu gostei muito foi do character design. Do Yamato e do Tamaki, especialmente. Aliás, os personagens têm várias características atípicas. Vou dar uma nota "8" e espero algum dia poder ler mais dessa série.

A tradução dos dez primeiros capítulos é do Dangerous Pleasure em inglês. Depois, o mangá foi licenciado e está sendo publicado pela Juné. Também foram traduzidos pelo mesmo grupo dois doujinshis que aprofundam a backstory do Yamato: Side Story e Take Out.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Utsushimi no Hana

Há algumas comunidades por aí que eu gosto de visitar porque geralmente os mangás que os membros recomendam são do meu gosto e tal. No caso, Utsushimi no Hana estava lá sendo super-criticado e considerado um mangá muito ruim, com um uke irritante e afeminado. Nesses momentos, eu penso "pra que tanto ódio nesses coraçõezinhos?" e resolvo dar uma chance. Não sei se foi por culpa das minhas baixas expectativas, mas esse manga de Takahisa Tooru valeu a pena. E muito.

A história se passa no período Asuka, quando o Japão nem se chamava Japão ainda e atendia pelo nome de Wa. Tasuna, um jovem de uma família humilde, é vendido por seu padrasto para um ricaço em troca de perdoar umas dívidas. Ele consegue fugir desse destino, caminhando na floresta durante muitos dias em busca da montanha Naraya. Tasuna desmaia de exaustão e é resgatado por um homem misterioso, que acaba sendo justo a pessoa que ele estava procurando: Azeri, o artesão mestre em confeccionar artigos de ouro. O pai de Tasuna havia lhe falado sobre Azeri, pois os dois são originários do mesmo lugar (Baekje, ou o que seria a Coréia hoje). Tasuna implora para que Azeri o tome como discípulo, sendo que o outro aceita, um tanto relutantemente. Durante seu período como aprendiz, Azeri sempre diz que a técnica de Tasuna é boa e acurada, mas que não é isso que importa, fazendo com que Tasuna, assim, perceba a importância da originalidade em seus trabalhos e de procurar sempre se reinventar e aprender novas técnicas. Azeri também acaba revelando que sofreu um ferimento em sua mão, o que fez abandonar seu posto de trabalho na capital, e sobre seu desejo de retornar a seu país natal algum dia. Tasuna, assim, promete a seu mestre que os dois visitarão Baekje algum dia. 

Tasuna e Azeri vão gradualmente se aproximando mais e desenvolvendo sentimentos um pelo outro. Azeri decide, então, que Tasuna deve seguir para a capital sozinho. Tasuna confronta-o e acaba descobrindo que há outros motivos para ele ter decidido se isolar nas montanhas. Azeri acaba admitindo que ama Tasuna, dizendo que "Sim [eu te amo]. Por isso, se você continuar vivendo comigo aqui, eu nunca conseguirei deixá-lo partir". Acho que essa é uma das declarações de amor mais bonitas que eu já vi em mangá. Os dois, assim, se despedem. Tasuna passa a viver no vilarejo Karatachi, de imigrantes coreanos, buscando aprimorar suas habilidades de trabalhar ouro. Lá ele faz amizade com outros aprendizes, Jiyakushi e Jiu, que se tornam grandes aliados em outros momentos do mangá. Tasuna acaba ofendendo o príncipe Katsuragi e, para não ser morto, é obrigado a participar de uma competição contra um famoso artesão, Himushi. Quando Tasuna fica doente (por causa de uma armação de Himushi), Azeri vem a cidade para ajudá-lo no trabalho. O legal é isso. Ajudar. E não fazer as coisas por ele. No fim, o produto final - um altar para a deusa da misericórdia - é uma criação original de Tasuna, cheia de elementos diferentes do estilo tradicional de Himushi.

Eu acho que afeminado ou não, o Tasuna é uma personagem bem interessante. Acho legal o quanto ele é determinado para realizar seus objetivos, também demonstrando sua opinião e ponto de vista sobre as coisas de forma assertiva, e não desiste facilmente de lutar. Ele foge do seu destino miserável no final da história, luta contra bandidos e escapa da morte. Acho que ele tem, sim, vários méritos, fora que ele cresce bastante ao longo da história como pessoa e como artista. O relacionamento dele com o Azeri é bonito e delicado, sendo que a autora soube construir bem a relação. A arte desse mangá é simplesmente incrível. Os detalhes que essa autora desenha são fantásticos, tanto as flores, como os enfeites de ouro do Tasuna... Tudo é muito bem desenhado.

  

O enredo da história é interessante e vai além do romance. Temos uma história de metas pessoais, crescimento, objetivos, esforço... A vida do Tasuna é mais do que simplesmente o romance com o Azeri. Alguns mangás esquecem disso e exploram só a vida do casal enquanto um casal. Esse não. Explora ambos e faz muito bem. O cenário se passando em um período antigo e explorando a imigração coreana no Japão antigo é muito interessante. Acho que ainda não tinha visto um mangá que endereçasse essas questões. Vou dar uma nota "9" e realmente recomendo esse mangá a todos que gostam de um mangá yaoi com uma boa história!

A tradução em inglês é do Fantasy Shrine